A Doutrina da Santidade
Hb 12.14 “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”
A conversão é o produto de um instante, a santificação é o resultado de uma vida
Explicação e Base Bíblica
Abordamos, ao longo de aulas anteriores, os diversos atos de Deus que ocorrem no começo de nossa vida cristã. Sejam eles:
I – O Chamado do Evangelho (Chamada Eficaz) – Por meio do qual Deus se dirige a nós. A todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.
Ref. João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e 11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10.
II – A Regeneração (Novo Nascimento) – Por meio do qual Deus nos concede vida nova. Fato que ocorre quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau.
Ref. Col.1: 13; João 8:34, 36; Fil. 2:13; Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8, 10.
III – Justificação – Por meio da qual Deus nos dá o direito legal de estarmos diante d’Ele. Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si mesmos, mas que é dom de Deus.
Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19, 21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-44; Fil. 1:20; Ef. 2:8.
IV – Adoção – Por meio da qual Deus nos torna membros de sua família. Todos os que são justificados é Deus servido, em seu único Filho Jesus Cristo e por ele, fazer participantes da graça da adoção. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus e gozam a liberdade e privilégios deles; têm sobre si o nome deles, recebem o Espírito de adoção, têm acesso com confiança ao trono da graça e são habilitados, a clamar "Abba, Pai"; são tratados com comiseração, protegidos, providos e por ele corrigidos, como por um pai; nunca, porém, abandonados, mas selados para o dia de redenção, e herdam as promessas, como herdeiros da eterna salvação.
Ref. Ef. 1:5; Gal. 4:4-5; Rom. 8:17; João 1: 12; Jer. 14:9; II Cor. 6:18; Apoc. 3:12; Rom. 8:15; Ef. 3:12; Gal. 4:6; Sal. 10313; Prov. 14.26; Mat. 6:30, 32; Heb. 12:6; Lam. 3:31-32; Ef. 4:30; Heb. 6:12; I Ped. 1: 3-4; Heb. 1: 14.
Após o estudo destas doutrinas, conforme o entendimento da ordo salutis (ordem da salvação) Rm 8.30 “e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. Passaremos agora a estudar a doutrina subseqüente, a que chamamos de “Santificação”.
1 – A Doutrina Bíblica da Santificação
A santificação é uma obra progressiva, ou seja, que perdura por toda a vida do crente na Terra. Também é uma obra na qual Deus e o homem cooperam, cada um, porém, desempenhando papéis distintos. A esse crescente aprendizado/crescimento damos o nome de santificação. Sucintamente, a santificação poderia ser assim resumida:
Obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente.
Atentem para o fato de que a santificação é uma ordenança, algo em que devemos nos engajar como tenro sinal de obediência a Deus:
I Pe 1.16 “porquanto está escrito: sede santos, porque eu sou santo”
Como se percebe, os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são, além disso, santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais é mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadores, para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.
Ref. I Cor. 1:30; At. 20:32; Fil. 3:10; Rom. 6:5-6; João 17:17, 19; Ef. 5-26; II Tess. 2:13; Rom. 6:6, 14; Gal. 5:24; Col., 1:10-11; Ef. 3:16-19; II Cor. 7:1; Col. 1:28, e 4:12; Heb. 12:14.
2 – A Diferença entre Justificação e Santificação
Entretanto, não há que se confundir santificação com justificação, pois, temos aqui duas obras completamente distintas, senão vejamos:
Justificação | Santificação |
Posição legal | Condição interna |
De uma vez por todas | Continua por toda a vida |
Obra inteiramente de Deus | Nós cooperamos |
Perfeita nessa vida | Não perfeita nessa vida |
A mesma em todos os cristãos | Maior em alguns do que em outros |
De modo geral, portanto, podemos definir santificação como separação para Deus (entendimento que melhor define a doutrina, do que separação do pecado), imputação de Cristo como nossa santidade, purificação do mal moral, e conformidade com a imagem de Cristo.
3 – Por que o Homem tem que Santificar-se?
3.1 – Por causa da queda
“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” Gn 2.16-17
Deus havia ordenado ao homem (tanto Adão como Eva) de que não comesse da árvore do conhecimento, entretanto, em desobediência a Deus (Gn 3.1-7), a mulher (Eva), dando ouvidos as mentiras proferidas por satanás (a velha serpente), não apenas comeu do fruto, mas também o deu ao seu marido, vindo ambos a pecar.
Atente para o fato de que o motivo da ira de Deus não foi, propriamente, o degustar da fruta proibida, e sim, o fato do homem ter imaginado de que ele poderia encontrar satisfação em qualquer outra coisa que não fosse em Deus. E esta tentativa de satisfazer-se fora de Deus que denominamos “pecado original”.
Desta forma, para demonstrar sua bondade e toda sua suficiência, Ele nos prometeu, ainda sobre o peso da sentença proferida sobre Adão; que nos enviaria um varão que se satisfaria tão somente n’Ele, pisando assim a cabeça da serpente.
“Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” Jo 4.34
3.2 – Por causa dos efeitos da queda
“E a mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás a luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” Gn 3.16
“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; por que tu és pó e ao pó tornarás” Gn 3.17-19
Perceba que não apenas os seres humanos foram sentenciados por causa do pecado, mas também a terra. Toda a criação se viu completamente depravada por causa do desejo inapropriado dos primeiros seres humanos. E o homem, por causa disso, foi expulso da presença de Deus.
“Porque sabemos que toda criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo” Rm 8.22-23
3.3 Por Causa das Promessas de Deus
Em sua infinita misericórdia, Deus, após ter expulsado o homem de sua presença (Gn 3.23-24), providenciou meios de não perder completamente os laços com a humanidade agora caída, não se fazendo conivente com o pecado, mas fazendo alianças com o homem que não permitiriam que de todo o mesmo fosse relegado a uma vida completamente destituída de Deus. Fato que tornaria a vida humana impossível.
A saída utilizada por Deus foi santificar alguns homens, e, a partir deles abençoar o restante da humanidade perdida. A este processo de promessas e esperanças damos o nome de alianças.
Desta forma, as Alianças que o Senhor Deus fez com o homem foram às seguintes:
1 – Aliança Edênica
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” Gn 2.15-17
2 – Aliança Adâmica
“E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” Gn 3.15
3 – Aliança Noética
“Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra. E disse Deus: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas: O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens, então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.” Gn 9.11-15
4 – Aliança Abraâmica
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gn 12.1-3
5 – Aliança Mosaica
“Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Ex 19-5-6
6 – Aliança Palestina
“Quando te sobrevierem todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que pus diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações para onde o Senhor teu Deus te houver lançado, e te converteres ao Senhor teu Deus, e obedeceres à sua voz conforme tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma, o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todos os povos entre os quais te houver espalhado o senhor teu Deus” Dt 30.1-3
7 – Aliança Davídica
“A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” II Sm 7.16
8 – A Nova Aliança
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” Jo 3.16
3.4 Para Herdar a Vida Eterna
Na Plenitude dos Tempos aprouve a Deus finalmente nos enviar o seu Filho e cumprir nele o seu supremo propósito. Todas as demais alianças serviram como uma preparação para a nova e eterna aliança no sangue de Cristo.
Paulo nos prova isso quando nos diz; “ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo” Cl 2.16-17
As demais alianças apenas serviram para nos mostrar o quão afastados estávamos de Deus e como Ele nos amou nos reconciliando: “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência; porquanto onde não há lei está morto o pecado. E outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; e o mandamento que era para vida, esse achei que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou” Rm 7.7-11.
Todavia, mesmo Jesus tendo derramado o seu sangue por nós, para nos justificar. Isso não nos isenta de uma vida de santidade, como está escrito:
“E daí? Havemos de pecar por que não estamos mais debaixo da lei, e sim debaixo da graça? De modo nenhum!” Rm 6.15
O ponto 3 pode ser resumido da seguinte forma:
No Éden o homem não precisava se santificar por que: | Após a queda o homem precisa se santificar por que: |
Era perfeito (mas a ponto de poder pecar) Gn 2.17 | Tornou-se imperfeito Gn 3.22 |
Era eterno Gn 1.31 | Tornou-se mortal Gn2.19 |
Estava na presença de Deus Gn 3.18 | Foi destituído da presença de Deus Gn 3.24 |
Era plenamente servido do Jardim Gn 2.29 | Passou a depender de si Gn 3.17 |
Seu corpo era infalível Gn 2.25 | Tornou-se depravado Gn 3.10 |
Deus o procurava Gn 3.8 | O homem passou a procurá-lo Gn 4.26 |
A natureza era perfeita Gn 1.31 | A natureza tornou-se imperfeita Gn 3.18 |
Todos os animais lhe obedeciam Gn 2.20 | Os animais tornaram-se predadores Is 11.6 |
Reinava o Fruto do Espírito Gl 5.22-23 | Impera as Obras da Carne Gl 5.19-21 |
Deus amava o homem Gn 1.27 | Deus irou-se com o homem Rm 1.18 |
Era plenamente preenchido Sl 23.1 | Tornou-se miseravelmente vazio Rm 1.21-27 |
Você precisa ser santo! Mas, como a santificação se processa?
4 – Os Três Estágios da Santificação
4.1 – A Santificação tem seu começo definido na Regeneração (Novo Nascimento) – Uma mudança moral definida ocorre em nossa vida no momento da regeneração, porque Paulo fala sobe “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Uma vez nascidos de novo não podemos continuar pecando como um hábito ou como um padrão de vida (I Jo 3.9), porque o poder da nova vida espiritual em nós impede-nos de render-nos a uma vida de pecados.
Conforme está escrito “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.1-2). Essa mudança moral (renovação da nossa mente Rm 12.1-2) é o primeiro estágio da santificação. Como filhos de Deus re-nascidos através do sacrifício de Cristo e em união a Ele, devemos apresentar; como fruto desse novo nascimento, os nossos corpos em sacrifício vivo, santo (santificação) e agradável a Deus.
Não é uma tarefa fácil, a santificação é uma luta constante entre as obras da nossa carne e o Fruto do Espírito (Gl 5.17). Entretanto, nesta luta, não temos o que temer, pois, conforme Paulo nos assegura: “Mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” I Co 6.11.
Nossa missão é fazer com que o nosso corpo, bem como os nossos desejos, estejam sujeitos a poderosa vontade de Deus em nossas vidas. Lute!
4.2 – A Santificação aumenta por toda vida – Paulo diz que por toda a vida cristã “todos nós [...] somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (II Co 3.18). Gradualmente nos tornamos cada vez mais semelhantes a Cristo, conforme avançamos na vida cristã.
Portanto, ele diz: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.13-14); em outras palavras, embora Paulo ainda não houvesse alcançado a perfeição, prosseguia para alcançar todos os propósitos pelos quais Cristo o salvara (v 9-12).
Paulo orienta os Colossensess a não mentirem uns para os outros, visto que eles se revestiam “do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10), mostrando assim que a santificação certamente envolve aumentar a semelhança de Deus em nossos pensamentos, palavras e ações. E isto, por toda a vida.
4.3 – A Santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar (em nosso corpo) – Por causa do pecado que ainda permanece em nosso coração, embora tendo-nos tornado cristãos (Rm 6.12-13; I Jo 1.18), nossa santificação nunca se completará nessa vida. Mas, uma vez que morramos e estejamos com o Senhor, então nossa santificação se completa nesse sentido, porque nossa alma é libertada do pecado que habita em nós. O autor de Hebreus diz que quando chegarmos a presença de Deus para adorar, chegamos “aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23). Contudo, que fique bastante claro que quando da ressurreição ressurgiremos em “Corpo Glorificado”.
Entretanto, quando consideramos que a santificação envolve a pessoa toda, incluindo nosso corpo (II Co 7.1; I Ts 5.23), então compreendemos que ela não se completará inteiramente antes que o Senhor retorne e ressuscitemos.
O quadro a seguir resume apenas alguns dos aspectos de quem é santificado e quem não é:
Santificado | Não santificado |
É lavado e regenerado Tt 3.5 | É como a porco no espojadouro II Pe 2.22 |
Não continua no pecado (este se torna um acidente) I Jo 3.9 | Continua pecando At 5.1-2 |
Apresenta o Fruto do Espírito Gl 5.22-23 | Manifesta as obras da carne Gl 5.19-21 |
Tem prazer na Palavra de Deus Sl 1.1-2 | Não tem prazer na Palavra de Deus Jo 8.43 |
Tem prazer na oração (permanece de pé) I Co 10.12 | Não tem prazer na oração (estão sempre caindo em tentação) Mt 26.41 |
O pecado não o domina Rm 6.14 | É escravo do pecado Rm 7.14 |
Não dispõe nada para carne Rm 13.13 | Satisfaz a carne (desejos) Rm 1.32 |
Está vivo para Deus Rm 6.11 | Está morto para Deus Jo 5.40 |
É transformado paulatinamente na sua própria imagem II Co 3.18 | Muda a glória de Deus Rm 1.23 |
Cresce à medida da estatura de Cristo Ef 4.13 | Não desenvolve a comunhão Hb 5.12 |
Não mente e não rouba Ef 4.25 | Mente Jo 8.44 |
5 – Deus e o homem cooperam na Santificação.
Deus atua na nossa santificação e nós também, tudo com o mesmo propósito. Não estamos dizendo que temos papéis iguais na santificação ou que ambas as atuações são iguais, mais simplesmente que cooperamos com Deus de maneira condizente à nossa condição como criaturas de Deus.
5.1 – O papel de Deus na Santificação – Visto que a santificação é principalmente uma obra de Deus, a oração de Paulo torna-se apropriada: “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (I Ts 5.23). Um papel específico de Deus Pai na santificação é seu processo de nos disciplinar como seus filhos (Hb 12.5-11). Paulo diz aos filipenses que “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13), mostrando assim um pouco da maneira como Deus os santifica – tanto causando neles o querer sua vontade como dando-lhes poder para fazê-la.
O papel de Deus Filho, Jesus Cristo, na santificação é, primeiro, que ele conquistou nossa santificação para nós. Portanto, Paulo podia dizer que Deus fez com que Cristo se tornasse “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1.30). Jesus é também o nosso exemplo, porque buscamos santificar-nos “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (I Pe 2.21).
Mas é exatamente o Deus Espírito Santo quem atua dentro de nós para nos transformar e nos santificar, dando-nos maior santidade na vida. É o Espírito Santo quem produz em nós o “fruto do Espírito” (Gl 5.22), os traços de caráter que geram santificação cada vez maior. O Espírito Santo é o Espírito da Santidade e produz santidade dentro de nós.
5.2 – O nosso papel na Santificação – O papel que desempenhamos na santificação é tanto passivo, pelo qual dependemos de que Deus nos santifique, como ativo, pelo qual nos esforçamos para obedecer a Deus e dar os passos que aumentarão a nossa santificação. Somos passivos na medida em que Deus age em nós para santificação e ativos na medida em que agimos, em Deus, para nossa santificação.
O N.T não sugere quaisquer atalhos pelos quais possamos crescer na santificação, mas simplesmente nos encoraja repetidamente a dedicar-nos à antiga e consagrada fórmula de leitura da Bíblia e meditação (Sl 1.2; Mt 4.4, 17.17), oração (Ef 6.18; Fp 4.6), adoração (Ef 5.18-20), testemunho (Mt 28.19-20), comunhão cristã (Hb 10.24-25) e auto disciplina ou domínio próprio (Gl 5.23, Tt 1.8)
6 – A Santificação afeta a pessoa como um todo.
A Santificação afeta:
6.1 – Intelecto – A santificação de nosso intelecto envolverá crescimento em sabedoria e conhecimento à medida que levamos “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co 10.5), constatando assim que nossos pensamentos são cada vez mais os pensamentos que o próprio Deus nos concede pela sua Palavra.
6.2 – Emoções – Em santificação perceberemos gradualmente em nossas vidas emoções como “amor, paz, alegria, longanimidade” (Gl 5.22). Perceberemos que não amamos mais o mundo, bem como as coisas que são do mundo. Mas que amamos cada vez mais o Senhor.
6.3 – Vontade – Nossa faculdade de tomar decisões, pois Deus é quem efetua em nós “o querer e o realizar, segundo sua boa vontade” (Fp 2.13). Nossa vontade será a vontade do Pai.
6.4 – espírito – Devemos purificar-nos “de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando nossa santidade no temor de Deus” (II Co 7.1);Paulo diz que a preocupação com as coisas do Senhor significa dar atenção a como ser santo “assim no corpo como no espírito” (I Co 7.34).
6.5 – Nosso corpo físico – “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda do Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23). Além disso, Paulo incentiva os coríntios: “Purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (II Co 7.1; I Co 7.34).
7 – Porque nós devemos obedecer a Deus em santidade?
7.1 – Porque é um sinal de que o amamos (Deus). Jo 14.15; I Jo 5.3
7.2 – Porque assim mantemos nossa consciência limpa diante de Deus. Rm 13.5; I Tm1.4;IITm1.3
7.3 – Por que assim seremos úteis para honra. II Tm 2.20-21
7.4 – Porque assim ganharemos os incrédulos com o nosso testemunho. I Pe 3.1-2, 1516
7.5 – Por que queremos receber as bênçãos do Senhor sobre nossas vidas e ministérios.I Pe 3.9-12
7.6 – Por que queremos evitar a disciplina do Senhor, porque temos temor. At 5.11; 9.31; II Co 5.11; Ef 4.30
7.7 – Por que almejamos o nosso galardão. Mt 6.19-21; Lc 19.17-19; I Co 3.12-15
7.8 – Por que queremos estar mais próximos do Senhor. Mt 5.8; Jo 14.21; I Jo 1.6
7.9 – Por que queremos paz e alegria em nossas vidas. Fp 4.9; Hb 12.1-2
7.10 – Por que queremos fazer a vontade de Deus. Fp 4.8, Sl 40.8.
8 – Para que devemos buscar a Santificação.
8.1 – Para experimentarmos o sobrenatural de Deus. I Co 2.9
8.2 – Para alcançarmos a vida eterna. Rm 6.22
8.3 – Para experimentarmos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Rm 12.1-2
8.4 – Para demonstrarmos o nosso amor. I Jo 2.4
8.5 – Para morarmos com Ele no céu. I Jo 2.28
Que tenhamos essa solene advertência de Cristo sempre em nossos corações:
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se” Ap 22.11
Referencias Bibliográficas:
1 – GRUDEM, Wayne Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
2 – THIESSEN, Henry Clarence Palestras em Teologia Sistemática. EBR, 2006.
3 – FERREIRA, Franklin Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica, e apologética para o contexto atual/ Franklin Ferreira e Alan Myatt. – São Paulo: Vida Nova, 2007.
4 – Bíblia Sagrada, Ed Revista e Atualizada. Trad. João Ferreira de Almeida. SBB – Barueri, SP.
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