segunda-feira, 16 de julho de 2012

A CRUZ DE CRISTO: seu motivo e significado

Igreja Evangélica Pentecostal

O Brasil Para Cristo

Campina Grande, PB.





Aluno(a)____________________________________



PERSPECTIVA HISTÓRICA


Crux est vita mihi; mors, inimice, tibi

         A cruz é vida para mim; morte, ó inimigo [o diabo] para ti.

ORIGENS

     A palavra cruz vem do latim crux e corresponde ao grego staurós (cruz) ou skolops (estaca, poste). Esse termo não ocorre no Antigo Testamento mais é muito comum no Novo. Originalmente designava uma estaca vertical onde o corpo de um criminoso era colocado para morrer diante do público.

     Os Assírios, renomados por sua terrível crueldade a utilizaram para empalamento (Ed 6.11). Porém, a crucificação propriamente dita parece ter surgido entre os medos persas, passando depois aos cartagineses, fenícios, gregos e finalmente aos romanos.

     Os romanos a utilizaram largamente, em especial contra escravos rebeldes e não cidadãos que recebiam a pena capital.

     Eventualmente a cruz (lignum infelix – lenho infeliz) adquiriu quatro formas distintas:

1 – Cruz Imissa (†) – Em que a haste vertical se projeta acima da haste horizontal mais curta (também conhecida como cruz latina),

2 – Cruz Comissa (T) – Ou cruz de Santo Antônio, com a forma da letra T,

3 – Cruz Grega (+) – Em que as hastes possuem igual comprimento,

4 – Cruz Decussata (X) – Ou cruz de Santo André.


A CRUCIFICAÇÃO ROMANA

     Entre os romanos a crucificação era precedida pela flagelação (flagellum – açoite de couro), certamente para acelerar a morte eminente. O condenado geralmente levava a sua própria cruz (patibulum), tendo amarrado pelo pescoço um aplaca que informava o motivo de sua execução. No caso de Cristo estava escrito INRI (Iesouv Nazwraiov o basileuv Ioudaiwn)– Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus.

     O sofrimento era intenso, especialmente em climas quentes. Eram três as fontes do sofrimento:

a. A exposição ao calor do sol e aos insetos - a exposição e as feridas abertas produziam febre traumática.

b. A posição retorcida do corpo – as feridas inchavam ao lado dos cravos e os tendões e nervos lacerados causavam uma dor insuportável.

c. A sede tremenda – as artérias da cabeça e do estômago ficavam intumescidas de sangue, resultando de uma fortíssima dor de cabeça.

A duração do sofrimento dependia da constituição física do indivíduo e da intensidade dos açoites prévios, mas a morte geralmente não ocorria antes das 36 horas de agonia. Geralmente processos de execução eram acelerados quebrando-se as pernas dos condenados. Flávio Josefo asseverou que a morte de cruz era “a mais miserável das mortes”.

A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS

     O fato de Jesus ter sido crucificado confirma que sua sentença partiu do governador romano da província, a época Pôncio Pilatos – único que detinha este poder (Jo 19.16).

     As palavras contidas na placa – Rei dos Judeus – indicava o motivo de sua execução (blasfêmia e alta traição). A crucificação ocorreu fora da cidade num lugar chamado Calvário[1] (Mc 15.29), entre dois salteadores (Lc 23.33), suas roupas foram retiradas e sobre elas lançaram sorte (Lc 23.34). Foi lhe oferecido sedativo para atenuar a dor mais ele recusou (Mc 15.23). A morte ocorreu após cerca de 6 horas de suplício (Lc 23.44); tendo ele pedido água para que se cumprisse as Escrituras (Jo 19.28-30). A seguir Jesus foi transpassado com uma lança por um pretor para comprovação da sua morte a qual já havia ocorrido (Jo 19.34). O corpo de Jesus fora deixado na cruz e depois entregue a um discípulo chamado José de Arimatéia ao cair da tarde (Dt 21.23; Mc 15.42-45)

A CRUZ ORIGINAL

     Não se sabe ao certo onde foi parar a cruz em que Jesus fora  executado. Diz uma antiga tradição que Helena mãe do imperador Constantino, descobriu a cruz verdadeira “vera crux”, numa antiga escavação próxima ao local onde Jesus fora crucificado e que a veracidade do fato fora comprovada por um milagre de cura que ocorreu após alguém ter um contato com a cruz.

     A parte principal da cruz fora depositada por Helena numa igreja construída sob o local da crucificação para guardá-lo. Do resto uma parte fora colocada na estátua de Constantino e o restante numa igreja edificada especialmente para isso na cidade de Roma – Santa Croce.

     Na época dos reformadores, acredita-se que se todos os pedaços da cruz de Cristo que eram vendidos como indulgências fossem somados dariam para montar milhares de novas cruzes. O fato é que não há uma certeza de onde está “cruz original” foi parar.


PERSPECTIVA BÍBLICA


PORQUE CRISTO MORREU?

     Quais foram os responsáveis por sua morte?

Os responsáveis imediatos foram:

1 - Os soldados romanos e Pilatos (Jo 19.31-37);

2 - O povo judaico e seus sacerdotes (Jo 19.15);

3 - Judas Iscariotes, o traidor (Mt 26.49-50).

     E o mais importante. Nós mesmos somos culpados. Um negro espiritual[2] pergunta: “Estavas lá quando crucificaram o meu Senhor?” Peter Green: “Somente o homem que está preparado para aceitar a sua parcela de culpa pela cruz pode reivindicar uma parte na sua graça”. Num nível mais profundo temos que o próprio Jesus entregou-se a morte (Jo 10.11,17).

     Destarte, existem ainda quatro respostas:

a. Cristo morreu por nós (Rm 5.8),

b. Cristo morreu para conduzir-nos a Deus (I Pe 3.18),

c. Cristo morreu pelos nossos pecados (I Co 15.3),

d. Cristo sofreu a nossa morte – substituição (Hb 10.10).

Por isso, a cruz reforça três verdades:

a. Acerca de nós mesmos – nosso pecado deve ser extremamente horrível (Ez 18.20b),

b. Acerca de Deus – a maravilha do seu amor vai além da nossa compreensão (Rm 11.33),

c. Acerca de Jesus Cristo – a sua salvação deve ser um dom gratuito (Ef 2.8).


O CORAÇÃO DA CRUZ – PERDÃO

     Porque o nosso perdão dependia da morte de Cristo? Por que Deus simplesmente não perdoa sem a necessidade da cruz? O problema de perguntas assim é que elas não levam em consideração a seriedade do pecado nem a majestade de Deus.

     Para responder a essas perguntas precisamos recorrer a 4 conceitos bíblicos básicos:

a. A gravidade do pecado (Rm 6.23a),

b. A responsabilidade moral humana (Rm 14.12),

c. A culpa falsa e verdadeira (Gn 3.12; 3.6)

d. A santidade e a ira de Deus (Ap 4.8; Rm 1.18).

O pano de fundo essencial da cruz é o perdão.


A MESAGEM DA CRUZ

“...verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste. Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo que a tua mão e o teu propósito (boulh) predeterminaram (proorizw)”.

O SIGNIFICADO DA MENSAGEM DA CRUZ


     A CRUZ NO ANTIGO TESTAMENTO – Tipos do que aconteceria no N.T.

a. O patíbulo (Dt 21.22-23)


Em Deuteronômio temos um insight – tipo – daquilo que viria a ser a crucificação do Senhor Jesus no período do Novo Testamento.


b. A Serpente de Metal (Nm 21.4-9)

Por conta da murmuração – pecado – do povo no deserto de Hor, caminho do Mar Vermelho, Deus permitiu serpentes abrasadoras que matavam as pessoas que apenas escapariam se olhassem para a serpente de metal feita por Moisés segundo a ordem de Deus.

A serpente de metal é um tipo do que viria a ser a crucificação de Cristo e a salvação por Ele propiciada por meio da fé. A contaminação da serpente (diabo) apenas é expiada pelo fato de olharmos para o sacrifício de Cristo na cruz.   


     A CRUZ NO NOVO TESTAMENTO


a. Escândalo e loucura para os que se perdem (I Co 1.18a,23)

Pelo fato do homem natural não compreender a mensagem da cruz o mesmo a considera loucura. A mensagem da cruz é considerada loucura pelos que estão a perecer, justamente porque ela não possui qualquer atrativo de sabedoria humana que recomende as suas mentes. O desafio de Deus para nós não é para nos tornarmos irracionais ou ignorantes, antes é para que submetamos a nossa inteligência à Palavra. Ou seja:

“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” I Co 1.21

b. Poder de Deus para salvação (I Co 1.18b)

“Não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” Rm 1.16

Apesar da aparente loucura que soa ao ouvido de todo aquele que escuta esta palavra pelo víeis humano. Foi justamente pela ignomínia da cruz que Deus escolheu salvar os seus.

     O evangelho é o anuncio da morte de Cristo, o Deus encarnado, que deu a sua vida para salvar o seu povo. A sua expiação foi completa, tendo um valor infinito.

Não existe evangelho sem a Cruz de Cristo. A cruz não foi um acidente, foi o desfecho da obra eterna de Deus (I Pe 1.18-20; Ap 13.8; At 2.22-24). O evangelho é a mensagem da cruz!

Ainda nesse conceito devemos levar em consideração os significados de “redenção”, “propiciação” e “justificação”. Os quais inevitavelmente apontam para o Servo Sofredor de Is 53.10-12. A ideia contida nos dois testamentos é do pagamento de um preço para libertação – resgate - dos cativos. Desta forma, Cristo pagou o preço do nosso resgate a “Deus” – não ao diabo – morrendo em nosso lugar na cruz.

c. O seu propósito

“...aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura pregação” I Co 1.21

A palavra da cruz não é anunciada para despertar piedade ou para entretenimento, ela visa salvar os homens. Não podemos adaptar a mensagem ao gosto do ouvinte, mas anunciá-la com toda a sua vergonha e com toda a sua aparente loucura. A cruz manifesta a sabedoria e o poder de Deus perceptível em seu infinito amor. Apenas o evangelho da cruz possui o poder de salvar. Portanto, não pregue um evangelho sem cruz.

Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” Hb 13.13


Deus se move de forma misteriosa


Deus se move de forma misteriosa

Para realizar suas maravilhas;

Ele imprime suas pegadas no mar,

E cavalga sobre a tempestade.



Fundo, em minas imensuráveis

De habilidade que nunca falha,

Ele entesoura seus desígnios brilhantes

E opera sua vontade soberana.



Vós, santos medrosos, renovai a coragem!

As nuvens que tanto temeis,

São grandes em misericórdia, e irromperão

Em bênçãos sobre vossas cabeças.



Não julgue o Senhor com débil entendimento,

Mas confie nele para sua graça.

Por trás de uma providência carrancuda,

Ele oculta uma face sorridente.



Seus propósitos amadurecerão rapidamente,

Desvendando-se a cada hora;

O botão pode ter um gosto amargo,

Mas a flor será doce.



A incredulidade cega certamente errará

E esquadrinha sua obra em vão:

Deus é seu próprio interprete

E ele o tornará claro.



William Cowper


[1] No original caveira kranion
[2] Gênero musical de origem norte americana

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