O Brasil Para Cristo
Campina Grande, PB.
Aluno(a)____________________________________
PERSPECTIVA
HISTÓRICA
Crux est
vita mihi; mors, inimice, tibi
A cruz é
vida para mim; morte, ó inimigo [o diabo] para ti.
ORIGENS
A palavra cruz vem do latim crux e corresponde ao grego staurós (cruz) ou skolops (estaca, poste). Esse termo não ocorre no Antigo Testamento
mais é muito comum no Novo. Originalmente designava uma estaca vertical onde o
corpo de um criminoso era colocado para morrer diante do público.
Os Assírios, renomados por sua terrível
crueldade a utilizaram para empalamento (Ed 6.11). Porém, a crucificação
propriamente dita parece ter surgido entre os medos persas, passando depois aos
cartagineses, fenícios, gregos e finalmente aos romanos.
Os romanos a utilizaram largamente, em
especial contra escravos rebeldes e não cidadãos que recebiam a pena capital.
Eventualmente a cruz (lignum infelix – lenho infeliz) adquiriu quatro formas distintas:
1 – Cruz Imissa (†) – Em que a haste vertical se projeta
acima da haste horizontal mais curta (também conhecida como cruz latina),
2 – Cruz Comissa (T) – Ou cruz de Santo Antônio, com a
forma da letra T,
3 – Cruz Grega (+) – Em que as hastes possuem igual
comprimento,
4 – Cruz Decussata (X) – Ou cruz de Santo André.
A CRUCIFICAÇÃO ROMANA
Entre os romanos a crucificação era
precedida pela flagelação (flagellum
– açoite de couro), certamente para acelerar a morte eminente. O condenado
geralmente levava a sua própria cruz (patibulum),
tendo amarrado pelo pescoço um aplaca que informava o motivo de sua execução.
No caso de Cristo estava escrito INRI
(Iesouv Nazwraiov o basileuv Ioudaiwn)– Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus.
O sofrimento era intenso, especialmente em
climas quentes. Eram três as fontes do sofrimento:
a. A exposição ao calor do sol e aos insetos - a exposição e as
feridas abertas produziam febre traumática.
b. A posição retorcida do corpo – as feridas inchavam ao lado dos
cravos e os tendões e nervos lacerados causavam uma dor insuportável.
c. A sede tremenda – as artérias da cabeça e do estômago ficavam intumescidas
de sangue, resultando de uma fortíssima dor de cabeça.
A duração do sofrimento dependia da constituição física do
indivíduo e da intensidade dos açoites prévios, mas a morte geralmente não
ocorria antes das 36 horas de agonia. Geralmente processos de execução eram
acelerados quebrando-se as pernas dos condenados. Flávio Josefo asseverou que a
morte de cruz era “a mais miserável das mortes”.
A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
O fato de Jesus ter sido crucificado confirma que sua sentença
partiu do governador romano da província, a época Pôncio Pilatos – único que
detinha este poder (Jo 19.16).
As palavras contidas na placa – Rei dos
Judeus – indicava o motivo de sua execução (blasfêmia e alta traição). A
crucificação ocorreu fora da cidade num lugar chamado Calvário[1] (Mc
15.29), entre dois salteadores (Lc 23.33), suas roupas foram retiradas e sobre
elas lançaram sorte (Lc 23.34). Foi lhe oferecido sedativo para atenuar a dor
mais ele recusou (Mc 15.23). A morte ocorreu após cerca de 6 horas de suplício (Lc 23.44); tendo ele pedido água para que se
cumprisse as Escrituras (Jo 19.28-30). A seguir Jesus foi transpassado com uma
lança por um pretor para comprovação da sua morte a qual já havia ocorrido (Jo
19.34). O corpo de Jesus fora deixado na cruz e depois entregue a um discípulo
chamado José de Arimatéia ao cair da tarde (Dt 21.23; Mc 15.42-45)
A CRUZ ORIGINAL
Não se sabe ao certo onde foi parar a cruz
em que Jesus fora executado. Diz uma
antiga tradição que Helena mãe do imperador Constantino, descobriu a cruz
verdadeira “vera crux”, numa antiga
escavação próxima ao local onde Jesus fora crucificado e que a veracidade do
fato fora comprovada por um milagre de cura que ocorreu após alguém ter um
contato com a cruz.
A parte principal da cruz fora depositada
por Helena numa igreja construída sob o local da crucificação para guardá-lo.
Do resto uma parte fora colocada na estátua de Constantino e o restante numa
igreja edificada especialmente para isso na cidade de Roma – Santa Croce.
Na época dos reformadores, acredita-se que
se todos os pedaços da cruz de Cristo que eram vendidos como indulgências
fossem somados dariam para montar milhares de novas cruzes. O fato é que não há
uma certeza de onde está “cruz original” foi parar.
PERSPECTIVA
BÍBLICA
PORQUE CRISTO MORREU?
Quais foram os responsáveis por sua morte?
Os responsáveis imediatos foram:
1 - Os soldados romanos e Pilatos (Jo 19.31-37);
2 - O povo judaico e seus sacerdotes (Jo 19.15);
3 - Judas Iscariotes, o traidor (Mt 26.49-50).
E o mais importante. Nós mesmos somos
culpados. Um negro espiritual[2]
pergunta: “Estavas lá quando crucificaram
o meu Senhor?” Peter Green: “Somente
o homem que está preparado para aceitar a sua parcela de culpa pela cruz pode
reivindicar uma parte na sua graça”. Num nível mais profundo temos que o
próprio Jesus entregou-se a morte (Jo 10.11,17).
Destarte, existem ainda quatro respostas:
a. Cristo morreu por nós (Rm 5.8),
b. Cristo morreu para conduzir-nos a Deus (I Pe 3.18),
c. Cristo morreu pelos nossos pecados (I Co 15.3),
d. Cristo sofreu a nossa morte – substituição (Hb 10.10).
Por isso, a cruz reforça três verdades:
a. Acerca de nós mesmos – nosso
pecado deve ser extremamente horrível (Ez 18.20b),
b. Acerca de Deus – a
maravilha do seu amor vai além da nossa compreensão (Rm 11.33),
c. Acerca de Jesus Cristo – a sua
salvação deve ser um dom gratuito (Ef 2.8).
O CORAÇÃO DA CRUZ – PERDÃO
Porque o nosso perdão dependia da morte de
Cristo? Por que Deus simplesmente não perdoa sem a necessidade da cruz? O
problema de perguntas assim é que elas não levam em consideração a seriedade do
pecado nem a majestade de Deus.
Para responder a essas perguntas precisamos
recorrer a 4 conceitos bíblicos básicos:
a. A gravidade do pecado (Rm 6.23a),
b. A responsabilidade moral humana (Rm 14.12),
c. A culpa falsa e verdadeira (Gn 3.12; 3.6)
d. A santidade e a ira de Deus (Ap 4.8; Rm 1.18).
O pano de fundo essencial da cruz é o perdão.
A MESAGEM DA CRUZ
“...verdadeiramente se
ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste. Herodes
e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo que a tua
mão e o teu propósito (boulh) predeterminaram (proorizw)”.
O
SIGNIFICADO DA MENSAGEM DA CRUZ
A
CRUZ NO ANTIGO TESTAMENTO – Tipos do que aconteceria
no N.T.
a. O patíbulo (Dt 21.22-23)
Em
Deuteronômio temos um insight – tipo
– daquilo que viria a ser a crucificação do Senhor Jesus no período do Novo
Testamento.
b. A Serpente de Metal (Nm 21.4-9)
Por conta da murmuração – pecado – do povo no deserto de Hor,
caminho do Mar Vermelho, Deus permitiu serpentes abrasadoras que matavam as
pessoas que apenas escapariam se olhassem para a serpente de metal feita por
Moisés segundo a ordem de Deus.
A serpente de metal é um tipo do que viria a ser a crucificação
de Cristo e a salvação por Ele propiciada por meio da fé. A contaminação da
serpente (diabo) apenas é expiada pelo fato de olharmos para o sacrifício de
Cristo na cruz.
A CRUZ NO NOVO TESTAMENTO
a. Escândalo e loucura para os
que se perdem (I Co 1.18a,23)
Pelo fato do homem natural não compreender a mensagem da cruz o
mesmo a considera loucura. A mensagem da cruz é considerada loucura pelos que
estão a perecer, justamente porque ela não possui qualquer atrativo de
sabedoria humana que recomende as suas mentes. O desafio de Deus para nós não é
para nos tornarmos irracionais ou ignorantes, antes é para que submetamos a
nossa inteligência à Palavra. Ou seja:
“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por
sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da
pregação” I Co 1.21
b. Poder de Deus para salvação (I Co 1.18b)
“Não me envergonho do Evangelho, porque é o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crê” Rm 1.16
Apesar da aparente loucura que soa ao ouvido de todo aquele que
escuta esta palavra pelo víeis humano. Foi justamente pela ignomínia da cruz
que Deus escolheu salvar os seus.
O evangelho é o anuncio da morte de Cristo,
o Deus encarnado, que deu a sua vida para salvar o seu povo. A sua expiação foi
completa, tendo um valor infinito.
Não existe evangelho sem a Cruz de Cristo. A cruz não foi um acidente, foi o desfecho da obra eterna de
Deus (I Pe 1.18-20; Ap 13.8; At 2.22-24). O evangelho é a mensagem da cruz!
Ainda nesse conceito devemos levar em consideração os
significados de “redenção”, “propiciação” e “justificação”. Os quais
inevitavelmente apontam para o Servo Sofredor de Is 53.10-12. A ideia contida
nos dois testamentos é do pagamento de um preço para libertação – resgate - dos
cativos. Desta forma, Cristo pagou o preço do nosso resgate a “Deus” – não ao
diabo – morrendo em nosso lugar na cruz.
c. O seu propósito
“...aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura
pregação” I Co 1.21
A palavra da cruz não é anunciada para despertar piedade ou para
entretenimento, ela visa salvar os homens. Não podemos adaptar a mensagem ao
gosto do ouvinte, mas anunciá-la com toda a sua vergonha e com toda a sua
aparente loucura. A cruz manifesta a sabedoria e o poder de Deus perceptível em
seu infinito amor. Apenas o evangelho da cruz possui o poder de salvar.
Portanto, não pregue um evangelho sem
cruz.
“Saiamos, pois, a ele,
fora do arraial, levando o seu vitupério” Hb 13.13
Deus se move de forma misteriosa
Deus
se move de forma misteriosa
Para
realizar suas maravilhas;
Ele
imprime suas pegadas no mar,
E
cavalga sobre a tempestade.
Fundo,
em minas imensuráveis
De
habilidade que nunca falha,
Ele
entesoura seus desígnios brilhantes
E
opera sua vontade soberana.
Vós,
santos medrosos, renovai a coragem!
As
nuvens que tanto temeis,
São
grandes em misericórdia, e irromperão
Em
bênçãos sobre vossas cabeças.
Não
julgue o Senhor com débil entendimento,
Mas
confie nele para sua graça.
Por
trás de uma providência carrancuda,
Ele
oculta uma face sorridente.
Seus
propósitos amadurecerão rapidamente,
Desvendando-se
a cada hora;
O
botão pode ter um gosto amargo,
Mas
a flor será doce.
A
incredulidade cega certamente errará
E
esquadrinha sua obra em vão:
Deus
é seu próprio interprete
E
ele o tornará claro.
William Cowper
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