A Doutrina da Glorificação
Considerações Iniciais
Após estudarmos em oportunidades anteriores as doutrinas bíblicas do novo nascimento e da santificação. Continuaremos com o último passo da ordo salutis – ordem da salvação – que é a glorificação[1]. Desta forma, o estudo apresentado ambiciona elencar os pontos mais importantes desta doutrina bíblica, e assim, humildemente contribuir para o fortalecimento dos irmãos na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
1 – Explicação e Base Bíblica
Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu apenas o nosso espírito (ou alma), mas inteiramente, como pessoa, o que inclui a redenção de nosso corpo. Portanto, a extensão da obra redentora de Cristo em nosso favor não estará completa até que nosso corpo seja inteiramente libertado dos efeitos da queda e levado ao estado de perfeição para o qual nos criou. Na verdade, a redenção do nosso corpo acontecerá somente quando Cristo voltar e nos ressuscitar dentre os mortos. O apóstolo Paulo expressamente afirma que esperamos “a redenção de nosso corpo”, e acrescenta “pois nessa esperança fomos salvos” (Rm 8.23-24).
O dia quando seremos glorificados será um dia de grande vitória porque naquele dia o último inimigo, a morte, será destruída, conforme predizem as Escrituras: “Pois ele reinará até que tenha posto todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (I Co 15.25-26). Quando o nosso corpo for levantado dentre os mortos experimentaremos vitória completa sobre a morte, que veio como resultado da queda de Adão e Eva. Então nossa redenção será completa.
Portanto, podemos definir glorificação da seguinte forma: “glorificação é o passo final da aplicação da redenção. Ocorrerá quando Cristo voltar e levantar dentre os mortos o corpo de todos os cristãos que morreram, de todas as épocas, reunindo-o com a alma de cada um, e mudar o corpo de todos os cristãos que estiveram vivos, dando assim, ao mesmo tempo, a todos os cristãos um corpo ressurreto como o seu”.
2 – A Prova da Glorificação no Novo Testamento
A principal passagem do Novo Testamento sobre a glorificação ou a ressurreição do corpo é I Coríntios 15.12-58. Paulo afirma: “Também em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias, e então na sua vinda os que pertencem a Cristo” (V22-23). A assertiva de Paulo é que nem todos os cristãos morrerão, mas que alguns que permanecerem vivos quando Cristo voltar terão o corpo imediatamente transformados em novo corpo ressurreto, que nunca poderá envelhecer, enfraquecer ou morrer.
“Digo-vos um mistério. Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (I Co 15.51-52)
Em linhas gerais, as almas dos que tiverem morrido em Cristo voltarão e serão reunidos aos seus corpos naquele dia, pois Cristo os trará consigo: “Se cremos que Cristo morreu e ressuscitou, também, através de Jesus, Deus trará com eles os que tiverem dormido” (I Ts 4.14).
Jesus afirma: “A hora vem quando todos os que estiverem no túmulo ouvirão a sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem para a ressurreição da vida, e os que tiverem feito o mal para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28-29).
Assim, todos nós devemos viver na expectativa ansiosa da volta de Cristo e da transformação de nosso corpo, que se tornará como o próprio corpo perfeito de Cristo. Paulo afirma, “Mas a nossa pátria está no céu, de onde aguardamos o Salvador, o senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo vil à semelhança do seu corpo glorioso, pelo poder que o capacita a sujeitar todas as coisas a si mesmo” (Fp 3.20).
3 – A Base da Glorificação no Antigo Testamento
Mesmo antes de Jesus ressuscitar dentre os mortos, o Antigo Testamento já indicava que muitos judeus da época de Cristo possuíam alguma esperança futura em termos de ressurreição do corpo.
Se não vejamos, quando Jesus foi à casa de Lázaro, depois da morte deste, e disse à Marta: “Teu irmão vai ressuscitar”, Marta respondeu: “Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (Jo 11.23-24). Além disso, quando Paulo estava no tribunal, disse a Félix que ele tinha uma “esperança em Deus que estes mesmos [seus acusadores judeus] aceitam, que haverá uma ressurreição de justos e de injustos” (At 24.15).
No caso dos salvos que viviam nos tempos do Antigo Testamento, Hebreus 11 diz-nos que Abraão “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11.10). Também lemos que muitos santos do Antigo Testamento “morreram na fé, sem ter obtido as promessas, vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra [...] Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” (Hb 11.13-16).
Lemos em Salmos: “Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si” (Sl 49.15; 73.24-25). E em Provérbios encontramos: “Não retires da criança a disciplina [...] tu a fustigarás com a vara e livrará a sua alma do inferno (Sheol)” (Pv 23.13-14).
O povo que por anos havia meditado sobre essas declarações da Bíblia e nelas crido (como Marta em Jo 11.24) estava preparado para receber avidamente o pleno ensino do Novo Testamento, pois tal ensino apenas trouxe mais detalhes e segurança sobre o que eles já acreditavam.
[1] Rm 8.30 “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”
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