segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ESTUDO SOBRE A DOUTRINA BÍBLICA DA GLORIFICAÇÃO, 2ª PARTE


4Com que se Parecerá o Corpo da Ressurreição?

     Se Cristo ressuscitará o nosso corpo dentre os mortos na ocasião de sua volta, e se o nosso corpo será semelhante ao corpo ressurreto de Cristo (I Co 15.20,23,49; Fp 3.21), com que se parecerá o nosso corpo ressurreto?

     Usando o exemplo do plantio da semente no solo com a devida espera até que ela cresça e se transforme em algo muito mais maravilhoso, Paulo prossegue para explicar com mais detalhes com que se parecerá o corpo da ressurreição:

Semeia-se o corpo na ressurreição, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se em corpo natural, ressuscita em corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual [...] E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (I Co 15.42-44, 49).
    
O fato de que nosso corpo será “incorruptível” significa que ele não se desgastará, não envelhecerá e não estará sujeito a nenhuma enfermidade ou doença. Será para sempre um corpo plenamente saudável e forte. Não haverá sinal de doença ou de dor, pois todos seremos perfeitos. O nosso corpo ressurreto mostrará o cumprimento da plena sabedoria de Deus ao citar-nos como seres humanos, ápice da sua criação, portadores adequados de sua imagem e semelhança. Nesse corpo ressurreto veremos o que Deus pretendia que fôssemos enquanto seres humanos.

Paulo afirma que o corpo natural ressuscitará corpo espiritual (I Co 15.44). Nas epístolas paulinas, a palavra “espiritual” (pneumatikon) nunca tem o sentido “não físico”, mas sim “consoante com o caráter e a atividade do Espírito Santo” (Rm 1.11; 7.14).

OBS.: Esse corpo nada tem de “não físico”, mas é um corpo físico elevado ao grau de perfeição que Deus originalmente pretendeu que tivéssemos.

Quando Cristo voltar ele nos dará um novo corpo ressurreto para ser semelhante ao seu próprio corpo. “Quando ele se manifestar seremos semelhantes a ele” (I Jo 3.2).

Desta verdade, surgem alguns dúvidas bastante comuns: Que tipo de continuidade haverá entre o nosso corpo presente e o nosso futuro corpo ressurreto? Será que o nosso corpo será idêntico ao atual, tendo as mesmas características? Ou será ele um pouco diferente? Ou será ainda completamente diferente? E será que há corpo terreno? Ou será ele uma criação de Deus inteiramente nova? Ou será tal corpo uma combinação do novo e do velho?

Diversos textos indicam que Paulo esperava uma certa continuidade entre nosso corpo terreno atual e o futuro corpo ressurreto. Ele afirmou: “Se habita em vós o espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal” (Rm 8.11). Falando sobre a natureza do corpo da ressurreição, Paulo nos deu o exemplo da semente plantada no solo: “E, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado” (I Co 15.37-38). Nesse exemplo, ele se baseia na experiência humana comum de que há diferença entre o que se semeia e o que nasce (V42-44), mas há também continuidade – assim como uma semente cresce até tornar-se uma planta maior, retendo o que nela havia, mais também extraindo para si outros nutrientes do solo. Assim, nós também teremos tanto continuidade como diferenças. Nessa analogia podemos dizer que tudo que de nosso corpo físico permanece na sepultura será tomado por Deus, transformado para construir um novo corpo ressurreto. Todavia, os detalhes de como isso acontecerá ainda não estão claros para nós, visto que as Escrituras não especificam esses detalhes – devemos afirmar isso porque é isso que a Bíblia ensina, mesmo que não possamos explicar plenamente como isso pode acontecer.

5Toda a Criação Também Será Renovada  
 
     Quando Adão pecou Deus amaldiçoou a terra por causa dele (Gn 3.17-19), de maneira que ela passou a produzir cardos e abrolhos e só daria alimento útil para o homem por meio do trabalho árduo. Mas Paulo afirma que “a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Ele explica que isso acontecerá quando recebermos o corpo da ressurreição – de fato, ele afirma que a criação anseia, de algum modo, por aquele dia: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus [...] Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.19,22-23).

     Nessa criação renovada, não haverá mais cardos e abrolhos, nem enchentes ou secas, nem desertos ou selvas inabitáveis, nem terremotos ou furacões, nem cobras venenosas ou abelhas que picam ou cogumelos que matam. Haverá uma terra produtiva, terra que florescerá e dará alimento com fartura para o nosso deleite.

6Os Descrentes Serão Ressuscitados para Julgamento do Dia do Juízo Final

     Embora a ênfase das Escrituras esteja no fato de que os cristãos experimentarão a ressurreição do corpo, há alguns textos que declaram que os descrentes também ressuscitarão dos mortos, mas que terão de enfrentar o juízo final quando ressurgirem. Jesus ensina claramente que “os que tiverem praticado o mal” irão “para a ressurreição do juízo” (Jo 5.29); Paulo também afirma crer “que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos” (At 24.15; Mt 25.31-46; Dn 12.2)

Considerações Finais
      
     A realidade da vinda do Senhor é inquestionável. A Bíblia é clara “Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará”[1]. A exortação do Filho de Deus é para que andemos dignamente na terra como servos verdadeiros e fiéis, “para que esse Dia como ladrão [não] vos apanhe de surpresa”[2]. Portanto, sabedores de que esta vida que agora temos em nada se comparará com a glória que nos aguarda na presença de Deus[3], “desembaracemo-nos de todo o peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”[4] .

     Lembre-se, a suas atitudes enquanto servo refletem como que por espelho o quanto a presença de Deus está em sua vida. A ressurreição dos mortos e a glorificação do corpo é a mais bela promessa do cristianismo. Cristo garantiu isso para nós. Ele, nosso cordeiro que venceu.



[1] Hb 10.37
[2] I Ts 5.4
[3] II Co 4.17
[4] Hb 12.1b

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